TRUMP VENCEU. E AGORA?

Mark Morais
Conforme “Pai Mark” havia previsto (leia aqui https://markmoraislaw.com/pt/hell-be-back-again/ e aqui https://markmoraislaw.com/pt/a-corrida-comecou/), Donald Trump venceu as eleições americanas e, a partir de 20 de janeiro de 2025, será o 47º presidente dos Estados Unidos da América. As atenções do mundo todo se voltam para os EUA, pois Trump voltará a ser o homem mais poderoso do planeta, e suas decisões em diversas áreas impactarão muitos outros países. Existe muita preocupação quanto ao já conhecido estilo agressivo de governo de Trump; sua política de imigração, por exemplo, radicalmente oposta à do atual governo Biden/Harris, causa arrepios de pavor em milhares de pessoas ao redor do mundo que almejam se mudar para os EUA para começar uma nova vida. E quem se deixa levar pela imagem criada pela mídia americana, pelos artistas de Hollywood e pelo partido democrata (e, vamos admitir, o jeitão agressivo do bilionário facilita o trabalho de quem não gosta dele), opositores ferrenhos do Laranjão (e da verdade), deve estar tendo muitos pesadelos à noite.
Mas, o que podemos efetivamente esperar de Trump em relação à imigração? Deportações em massa? A construção do muro para separar os EUA dos Caminhantes Brancos (essa é para os fãs de Game of Thrones) e do resto do mundo? Pelotões de fuzilamento?
Antes de prosseguir com as teorias da conspiração, alguns fatos sobre imigração de brasileiros para os EUA:
- Os Estados Unidos são o país com maior população de brasileiros do mundo (depois do Brasil, é óbvio);
- Em 2023, a quantidade de brasileiros pedindo asilo nos EUA aumentou três vezes mais em relação ao ano anterior;
- O ano de 2023 foi também o segundo maior de brasileiros obtendo cidadania americana;
- Em 2024, os brasileiros vivendo nos EUA ultrapassaram 2 milhões.
Todos esses números impressionantes foram registrados depois de 2022, ou seja, depois que Lula saiu da cadeia para ser colocado na cadeira presidencial do Brasil. Mas isso deve ser apenas coincidência, como devem ser também coincidência os sucessivos recordes nas queimadas na Amazônia, nos pedidos de recuperação judicial de empresas à beira da falência e na alta da cotação do dólar, y otras cositas más. Todas essas infelizes coincidências têm levado multidões de brasileiros a olhar para o vizinho norte-americano com olhares de cobiça; mas, se Trump é realmente um ogro malvadão que odeia imigrantes, como fica a situação? Ainda será possível migrar legalmente para os EUA, ou o novo morador da Casa Branca vai finalmente construir o seu tão sonhado muro?
Realmente, Trump demonstra ter uma certa rejeição a imigrantes; porém, nem todos. É bastante claro que ele odeia apenas imigrantes ilegais (ora bolas, o homem é casado com Melania, uma eslovena!). Raios: até mesmo os imigrantes legais odeiam quem tenta entrar no país de forma irregular: tanto que 45% dos eleitores latinos votaram no candidato republicano, um aumento de 13% em relação à sua votação anterior.
Sim, de fato, o velho Donald pretende terminar a construção do muro na fronteira com o México e realizar deportações em massa. De imigrantes ilegais. O Departamento de Segurança Interna estima que cerca de 11 milhões de imigrantes sem visto moram nos EUA. Porém, há quem diga que esse número deve ser no mínimo o dobro, tendo em vista que apenas nos últimos 4 anos do (des)governo Biden, calcula-se que pelo menos 20 milhões de ilegais cruzaram a fronteira sul dos EUA. JD Vance, vice-presidente eleito com Trump, afirmava durante a campanha que o novo governo pretendia começar a nova administração deportando um milhão de pessoas. Aproveitando-se desse quadro, muitos oportunistas passaram a fazer um verdadeiro terrorismo virtual nas redes sociais, alimentando o pânico para “ganhar likes” e arrebanhar novos clientes “antes que Trump assuma e feche as fronteiras de vez”. Cuidado!
Portanto, sem mais delongas, a eleição de Trump traz duas boas notícias em matéria de imigração:
Primeira boa notícia: o novo presidente deve, sim, endurecer a política de imigração. “Mas como isso pode ser uma boa notícia?”, perguntaria o leitor afoito. Já respondo, Gafanhoto: Sim, Trump deve dificultar o jogo da imigração, mas somente para quem tenta entrar ilegalmente no país, cruzando a fronteira do México sem autorização, ou seja, sem algum tipo de visto válido emitido pelas autoridades americanas. Essas pessoas realmente não terão vida fácil depois do dia 20 de janeiro, quando Trump assume o poder; afinal, o rígido controle das fronteiras foi uma das promessas de campanha do candidato vitorioso. Aliás, esse pobre advogado que ganha a vida trabalhando com imigração apoia totalmente essa política; como cidadão americano, defendo radicalmente que os EUA saibam exatamente quem está entrando em seu território; além de ser necessário para a preservação do mercado interno de trabalho e das condições sociais do país, é uma questão de segurança nacional. Essa é uma premissa tão óbvia que chega a ser espantoso como os democratas, ou seja, a esquerda americana, com seus representantes na mídia e artistas engajados, não consegue enxergar isso –ou como ela finge não entender. Não é preciso ser um gênio para perceber que, em meio a tantas pessoas que entram ilegalmente no país em busca de empregos e de uma vida melhor para suas famílias, existem notórios criminosos procurando novos territórios para ocupar. Apenas como exemplo do desastre protagonizado pelo governo Biden, que permitiu a entrada de quase 20 milhões de imigrantes ilegais nos seus quatro anos de administração, foi registrada, pela primeira vez, a presença de uma perigosa gangue venezuelana, a Tren de Aragua, banida de seu país de origem pelo ditador Nicolás Maduro. Essa gangue conseguiu se infiltrar e agora já tem presença forte na Flórida e Nova Iorque e é responsável por crimes violentos como roubos, assassinatos e estupros. Aliás, Nova Iorque, a Grande Maçã, foi palco de um homicídio bárbaro: Uma mulher foi incendiada no metrô do Brooklyn, deixando o mundo em choque. O assassino? Um imigrante ilegal da Guatemala, que havia sido deportado em 2018 e retornou ao país, muito provavelmente em razão da frouxidão da administração Biden/Harris. Além de dificultar a passagem de imigrantes pelas fronteiras, é bastante provável que o novo governo investigue os estrangeiros que entraram no país recentemente, em especial nos dois últimos anos; caso não estejam regulares, é bastante possível que sejam alvo de processos de remoção dos Estados Unidos. Make America Safe Again!
A segunda boa notícia (essa é, na verdade, uma excelente notícia) é que, ao contrário do que seus inimigos pintam (e bordam), Trump é favorável à imigração legalizada –como, aliás, os dois primeiros anos de seu governo demonstraram, até que a pandemia do Covid-19 bagunçou a economia mundial e, claro, dos EUA também. O novo presidente já sinalizou que pretende facilitar a vida de estudantes universitários estrangeiros para obter o green card e permanecer no país depois de formados, mantendo, assim, esses novos profissionais no mercado de trabalho nacional. Outra medida prometida é a atração da mão de obra estrangeira qualificada através da facilitação da emissão de vistos como EB-1, EB2-NIW, O-1, entre outros; essa filosofia de atrair os melhores profissionais do mundo fez com que Trump ganhasse um apoiador de peso: ninguém menos que Elon Musk, bilionário fundador da Space-X e dono da Tesla e do X, ex-Twitter, entre outras coisinhas. Além de construir foguetes que dão ré e carros elétricos, Musk é sul-africano, ou seja, um imigrante; e, inclusive, chefiará, no governo Trump, o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), que visa reduzir custos e burocracia, aumentando a eficiência do governo federal. O próprio Musk, postou inúmeras vezes no X, que a imigração legal e qualificada precisa de ser processada com grande celeridade. Nunca é demais lembrar que os Estados Unidos possuem atualmente 7,4 milhões de vagas de trabalho disponíveis; ou seja, está literalmente sobrando emprego no país e, conforme dissemos acima, o novo governo não vê qualquer problema em preencher essas vagas com trabalhadores estrangeiros. Desde que, obviamente, eles sejam qualificados e entrem no país de forma legal.
Portanto, se você acha que pode se enquadrar nessas condições, procure-nos; seu sonho de morar e trabalhar legalmente nos EUA pode estar mais perto de se realizar do que você imagina. Muitos de nossos clientes já realizaram esse sonho; quem sabe você não será o próximo?
Boa sorte!
Sobre Mark Morais
Mark Morais é advogado de Imigração e proprietário da Mark Morais Law Firm, escritório americano responsável por processos jurídicos de vistos e green cards para os Estados Unidos.
Mark é o único advogado brasileiro-americano que já trabalhou nas 3 principais agências federais de imigração dos EUA (USCIS, CBP e ICE) desempenhando as funções de Promotor de Imigração, Oficial de Asilo Político e Policial Federal de Imigração e Alfândega.
Mark Morais é formado em Direito e Administração de Empresas no Brasil e é Doutor em Jurisprudência nos Estados Unidos. Ele é licenciado para praticar Direito no Estado da Flórida e também na Capital Federal (District of Columbia).
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