AS ELEIÇÕES AMERICANAS SE APROXIMAM, e os atores políticos, potenciais candidatos ao cargo de homem mais poderoso da Terra, iniciam seus movimentos. O Vovô Joe Biden deve ser o candidato democrata à reeleição, apesar da idade avançada (80 anos!), da saúde (principalmente mental) claramente debilitada e da cobiçosa vice-presidente Kamala Harris; do outro lado do espectro político, ou seja, no partido republicano, o magnata Donald Trump ensaia voltar ao posto, mas terá de derrotar nas prévias a ex-governadora da Carolina do Sul, Niki Haley (embaixadora dos EUA na ONU durante a gestão Trump), o jovem empresário do ramo da biotecnologia, Vivek Ramaswamy, e o atual governador da Flórida, o aguerrido Ron DeSantis, provavelmente seu adversário mais duro. Famoso por sua atuação em temas polêmicos, DeSantis sancionou recentemente um projeto de lei de imigração que reforça o programa de realocação de migrantes e limita os serviços sociais para imigrantes sem status legal permanente. O governador floridiano assinou a medida um dia antes do fim da validade do Título 42, medida adotada ainda no governo Trump para restringir a concessão de asilos durante a pandemia do Coronavírus. O fim do Título 42 tem o potencial explosivo de permitir a entrada de milhares de imigrantes ilegais, que já se encontravam à postos nas cidades fronteiriças do México, apenas aguardando a meia-noite da sexta-feira, data oficial do fim da medida, para iniciar uma invasão sem precedentes. Um dos estados mais afetados por esta onda migratória seria justamente a ensolarada Flórida. A intenção do governador, a meu ver, está mais direcionada a conter esta nova tsunami migratória do que perseguir os imigrantes que já se encontram em solo americano.
No tabuleiro do xadrez presidencial, DeSantis adota o endurecimento das leis de imigração em seu estado como prioridade e critica duramente a política federal, atendendo aos anseios dos eleitores de direita. Para o governador, a crise imigratória tende a piorar; neste sentido, a lei destina 12 milhões de dólares para a iniciativa de realocação de migrantes –DeSantis já adotou ações dramáticas neste sentido, enviando levas de imigrantes sul-americanos ilegais para destinos luxuosos como Martha’s Vineyard, reduto de ricos e famosos eleitores esquerdistas defensores da política imigratória de Biden.
A lei também obriga pequenas empresas a utilizar o E-Verify, um sistema federal que determina se os funcionários podem trabalhar legalmente nos EUA, além de proibir governos locais de fornecer dinheiro a organizações que emitem cartões de identificação para imigrantes ilegais, invalidar carteiras de habilitação destes imigrantes e exigir que hospitais que aceitam o Medicaid incluam informações de cidadania nos formulários de admissão, a fim, provavelmente, de dissuadir os imigrantes ilegais de procurar atendimento médico.
Batendo de frente com a administração Biden no delicado e controverso tema da imigração, DeSantis se coloca como um antagonista feroz do atual presidente, o que, naturalmente, faz com que conquiste pontos junto ao eleitorado conservador e ganhe alguma vantagem na acirrada disputa contra o vaidoso bilionário Trump, cuja grande obsessão parece ser reconquistar a cadeira presidencial; atualmente, DeSantis, cujo impressionante currículo inclui diplomas das universidades de Harvard e Yale, desponta como o preferido de 35% do eleitorado republicano, contra 37% do homem do topete, o que configura empate técnico.
No xadrez presidencial da nação mais poderosa do planeta, o tabuleiro está posto. E as peças já se movem.
Sobre Mark Morais
Mark Morais é advogado de Imigração e proprietário da Mark Morais Law Firm, escritório americano responsável por processos jurídicos de vistos e green cards para os Estados Unidos.
Mark é o único advogado brasileiro-americano que já trabalhou nas 3 principais agências federais de imigração dos EUA (USCIS, CBP e ICE) desempenhando as funções de Promotor de Imigração, Oficial de Asilo Político e Policial Federal de Imigração e Alfândega.
Mark Morais é formado em Direito e Administração de Empresas no Brasil e é Doutor em Jurisprudência nos Estados Unidos. Ele é licenciado para praticar Direito no Estado da Flórida e também na Capital Federal (District of Columbia).