Quando a esperança naufraga

Mark Morais
UM BARCO NAUFRAGOU PRÓXIMO ÀS BAHAMAS NO FINAL DE JULHO, relata o jornal Miami Herald. Pelo menos 17 pessoas, supostamente haitianos tentando chegar a Miami, morreram no acidente. Entre os que perderam a vida, 15 mulheres, um homem e uma criança. No último ano, a Guarda Costeira interceptou mais de seis mil haitianos (um aumento de 300% em relação ao ano anterior) tentando entrar nos Estados Unidos, a bordo de embarcações precárias feitas de toras de madeira, placas de isopor ou qualquer outro material capaz de flutuar. A violência vem crescendo no país, em decorrência do assassinato do presidente Jovenel Moïse em 7 de julho; gangues de criminosos vêm se apoderando de prédios públicos e assumindo o controle do país, aproveitando-se do caos político instaurado com a morte do mandatário do país. E, como se não bastasse, outro intenso terremoto atingiu a ilha. Centenas de haitianos arriscam suas vidas na árdua travessia pelas águas turbulentas. A viagem em si já é considerada perigosa; feita a bordo de barcos precários, totalmente inadequados para uma jornada marítima, equipados com motores fracos para fazer menos barulho e não chamar a atenção das patrulhas costeiras, acaba se tornando uma loteria mortal; entretanto, para estes desesperados haitianos, vale a pena encarar o perigo em busca de uma vida melhor.
Além dos haitianos que estão se lançando ao mar em busca do sonho americano, 3.470 cubanos foram impedidos de entrar nos EUA desde outubro de 2021, contra 838 no ano fiscal anterior. Este é o maior número de cubanos interceptados desde 2016. O Suboficial e porta-voz da Guarda Costeira, Ryan Estrada, pediu às famílias que não incentivem seus parentes em seus países de origem a tentarem a viagem ilegal. “É muito perigoso, e geralmente não termina bem. Ou eles são interceptados e mandados de volta aos seus países ou algo catastrófico pode acontecer. O barco pode tombar e vidas podem se perder”.
Sim, a travessia é perigosa. Eles sabem que podem perecer no caminho. Para muitos, a esperança naufraga antes de chegarem ao sonhado destino.
Mas é preciso compreender que, para estas pessoas desesperadas, os Estados Unidos ainda são como um farol na escuridão do oceano.
O sonho americano é o que acalenta suas noites.
Sobre Mark Morais
Mark Morais é advogado de Imigração e proprietário da Mark Morais Law Firm, escritório americano responsável por processos jurídicos de vistos e green cards para os Estados Unidos.
Mark é o único advogado brasileiro-americano que já trabalhou nas 3 principais agências federais de imigração dos EUA (USCIS, CBP e ICE) desempenhando as funções de Promotor de Imigração, Oficial de Asilo Político e Policial Federal de Imigração e Alfândega.
Mark Morais é formado em Direito e Administração de Empresas no Brasil e é Doutor em Jurisprudência nos Estados Unidos. Ele é licenciado para praticar Direito no Estado da Flórida e também na Capital Federal (District of Columbia).